A literatura infantil para prevenção da violência sexual: análise de matériais
Contenido principal del artículo
Resumen
A violência sexual contra crianças é um fenômeno alarmante, com graves implicações para o desenvolvimento das pessoas vitimizadas e que, por isso, deve ser alvo de políticas públicas de prevenção na área da saúde e da educação e um bom recurso pedagógico para isso é o uso de livros. Este estudo qualitativo, tipo documental, teve por objetivo analisar a literatura infantil sobre prevenção à violência sexual contra crianças. Foram analisados 12 livros localizados no site comercial amazon.com, resultando três categorias temáticas: (1) Conteúdo sobre violência sexual: a pessoa autora da violência geralmente é homem, está perto da criança, pede segredo e ela deve se defender e denuciar; (2) Vertentes de educação em sexualidade: Biológica - nomeação de partes íntimas do corpo e noção de privacidade, Religiosa - proteção de um corpo que é criação de Deus, e de Direitos Humanos - proteção da criança enquanto função da família e do Estado; e (3) Representação da diversidade: ênfase em corpos brancos, poucas imagens de pessoas negras e amarelas e nenhum indígena, prevalência de uma classe socioeconômica média e predomínio de corpos sem deficiência, magros e altos. A maior parte dos livros usa personagens humanos (poucos são animais ou figuras abstratas); alguns utilizam rimas para facilitar a linguagem e quase todos apresentam recomendações aos/às adultos/as que devem acompanhar a leitura. Alguns livros são mais completos em conteúdo, enquanto outros são mais superficiais; alguns são tendenciosos a valores mais conservadores ou a padrões familiares normativos e heterossexuais. Entretanto, a mensagem de identificação da violência e meios de proteção são explícitos em todos eles. Apesar de algumas ressalvas, conclui-se que há bons materiais que podem ser utilizados e adaptados para processos de educação em sexualidade na infância.
Descargas
Detalles del artículo
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Aquellos autores/as que tengan publicaciones con esta revista, aceptan los términos siguientes:
- Los autores/as conservarán sus derechos de autor y garantizarán a la revista el derecho de primera publicación de su obra, el cuál estará simultáneamente sujeto a la Licencia de reconocimiento de Creative Commons que permite a terceros copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato bajo los siguientes términos: —se debe dar crédito de manera adecuada, brindar un enlace a la licencia, e indicar si se han realizado cambios. Puede hacerlo en cualquier forma razonable, pero no de forma tal que sugiera que usted o su uso tienen el apoyo de la licenciante (Atribución); — no se puede hacer uso del material con propósitos comerciales (No Comercial); — si se remezcla, transforma o crea a partir del material, no podrá distribuirse el material modificado (Sin Derivadas).
- Los autores/as podrán adoptar otros acuerdos de licencia no exclusiva de distribución de la versión de la obra publicada (p. ej.: depositarla en un archivo telemático institucional o publicarla en un volumen monográfico) siempre que se indique la publicación inicial en esta revista.
- Se permite y recomienda a los autores/as difundir su obra a través de Internet (p. ej.: en archivos telemáticos institucionales o en su página web) antes y durante el proceso de envío, lo cual puede producir intercambios interesantes y aumentar las citas de la obra publicada. (Véase El efecto del acceso abierto).
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento-NoComercial-SinObraDerivada 4.0 Internacional.
Citas
Aguiar, E. V. De & Ferreira, C. A. L. Violência sexual contra crianças e adolescentes e suas consequências psicológicas, cognitivas e emocionais: revisão integrativa de literatura. Revista Psicologia e Saúde em Debate, v. 6, n. 2, p. 80-96, set., 2020. DOI: 10.22289/2446-922X.V6N2A6. Disponível em: https://psicodebate.dpgpsifpm.com.br/index.php/periodico/article/view/V6N2A6/435. Acesso em: 25 de jun. de 2024.
Andréa, C. (2019). Vamos conversar?: sobre violência sexual infantil [Ilustração: Samuel Graciano]. 1. ed. São Paulo: C. C. Andréa.
Arcari, C. Pipo e Fifi: Ensinando proteção contra violência sexual [Ilustração: Isabela Santos]. 10. ed. Curitiba: Editora e Consultoria Caqui, 2022.
Barbosa, A. S. S. & Dos Santos, J. D. F. (2017). Infância ou infâncias?. Revista Linhas. Florianópolis, v. 18, n. 38, p. 245-263, set./dez..
Bardin, L. (2016). Análise de Conteúdo. Edições 70. São Paulo: Almedina Brasil.
Barros, O. (2011). Segredo segredíssimo [Ilustração: Thais Linhares]. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial.
Bittencourt, R. S. N. (2021). Se não é carinho nem proteção, pode ser…: uma roda de conversa franca e responsável com foco na prevenção ao abuso sexual infantojuvenil (Coleção Mochila de Perguntas) [Ilustração: André Santos]. Belo Horizonte: Artesã Editora.
BRASIL. (2024) Boletim Epidemiológico. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ministério da Saúde, v. 54, n. 8, fev. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2023/boletim-epidemiologico-volume-54-no-08. Acesso em: 26 de jun. de 2024.
Bortolozzi, A. C. (2024) Questionário e entrevista na pesquisa qualitativa: elaboração, aplicação e análise de conteúdo – manual didático. 2ª edição ampliada e revisada. Araraquara: Padu Aragon, 2024.
Bortolozzi, A.C. (2022) Sexualidade na infância: manual para educadores. Bauru: Gradus.
Bortolozzi, A.C.; Vilaça, T. (2020). Educação sexual inclusiva e a formação de professores(as). São Paulo: Cultura Acadêmica Digital.
BRASIL. Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 27 de maio de 2024.
Bueno, S., Bohnenberger, M., Martins,J. & Sobral, I. (2023). A explosão da violência sexual no Brasil. In: FÓRUM
BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, p. 154-16. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/ wpcontent/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf. Acesso em: 25 de jun. De 2024.
Diniz, I. (2021). Pode parar: história para prevenção do abuso sexual infantil [Ilustração: Gabriela Molinaro]. São Paulo: Coleção Conto com Você.
Esteves, V. C. (2019). Precisamos falar sobre isso! Prevenção da violência sexual na infância. [Ilustração: Dirceu Veiga]. 1. ed. São Paulo: Vivian Cordeiro Esteves.
Facco, L. (2009). Era uma vez um casal diferente - a temática homossexual na educação literária infanto-juvenil. São Paulo: Summus.
Freitas, C. P. P. De, Fermann, I. L., Hohendorff, J. V., Foschiera, L. N., Habigzang, L. F. Lawrenz, P. & Bordini, T. C. M. P. (2018). Manual de capacitação profissional para atendimentos em situações de violência [recurso eletrônico] / coordenação Luísa F. Habigzang. Porto Alegre: PUCRS, 2018. Disponível em: https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201910/15154038-manual-de-capacitacao-profissional-para-atendimento-em-situacoes-de-violencia-pucrs.pdf. Acesso em: 25 de jun. de 2024.
Furlani, J. (2016) Educação sexual na sala de aula: relação de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
Geisen, C. (2007). Meu corpo é especial: um guia para que a família converse sobre abuso sexual (Coleção terapia infantil) [Ilustração: R. W. Alley]. Tradução: Darlei Zanon. 1. ed. São Paulo: Paulus.
Hohendorff, J. V., Bavaresco, P. D., Habigzang, L. F. & Koller, S. H. (2012). Abuso sexual contra meninos: uma revisão. In: L. F. Habigzang, et al. Violência contra crianças e adolescentes: teoria, pesquisa e prática. Porto Alegre: Artmed, p. 107-122.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). (2023). Dados sobre estupro no Brasil. EM QUESTÃO – Evidências para políticas públicas, n. 22, mar. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/1694-pbestuprofinal.pdf. Acesso em: 25 de jun. de 2024.
Jiménez, C. & Reyes, C. (2023). Minhas partes íntimas: uma história para explicar sexualidade às crianças. [Ilustração: Canizales]. Tradução: Catarina Meloni. 1ª ed. São Paulo: Telos Editora.
Maia, A. C. B. & Ribeiro, P. R. M. (2011). Educação sexual: princípios para a ação. Doxa – Revista Paulista de Psicologia e Educação, v.15, n.1, p.41-51.
Malheiros, B.T. Metodologia da Pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
Mendonça, R. (2024). Meu corpo, Meu corpinho! [Ilustração: Ludmila Fernandes]. 3. ed. Curitiba: Matrescência.
Natale, D. & Lima, T. M. (2021). O corpo é meu, ninguém põe a mão. [Ilustração: Veridiana Scarpelli]. São Paulo: Ed. Papagaio.
Nunes, C. & Silva, E. (2000). A educação sexual da criança: subsídios teóricos e propostas práticas para uma abordagem da sexualidade para além da transversalidade. Campinas: Autores Associados.
Oliveira, M. R. & Machado, J. S. de A. (2021). O insustentável peso da autoimagem: (re)apresentações na sociedade do espetáculo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, n. 07, p. 2663-2672, 2021. DOI: 10.1590/1413-81232021267.08782021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/JJ44yNWrLnvgVKknD3RPQkk/?lang=pt. Acesso em: 25 de jun. de 2024.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). (2020). Saúde sexual, direitos humanos e a lei. Tradução realizada por projeto interinstitucional entre Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Paraná. Porto Alegre: UFRGS.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO). (2019). Orientações técnicas internacionais de educação em sexualidade: uma abordagem baseada em evidências. Trad. David Harrad. 2. ed. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000369308. Acesso em: 25 de jun. de 2024.
Pinheiro, L. de S. & Fornari, V. L. (2011). O papel do psicólogo nos casos de violência contra a criança e o adolescente. In: M. R. F. de Azambuja & M.H.M. Ferreira (Orgs). Violência sexual contra crianças e adolescentes. Porto Alegre: Artmed, p. 298-317.
Rangel, M. (2017). Diversidade - um compromisso pedagógico da escola. Rio de Janeiro: WAK Editora.
Saulière, D.; Després, B. (2006). Abuso sexual, não! Tradução: Irami B. Silva. São Paulo: Escala Educacional.
Sartori, L. R. M., Oliveira, K. A. dos S., Moura, K. F., Soares, P. de O., Matos, V. V. G. & Karam, S. A. (2023). Notificações de violência física, violência sexual, violência psicológica e negligência praticadas contra crianças no Brasil, 2011-2019: estudo ecológico de série temporal. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 32, n. 3 e2023246, 2023.
Serafim, A. de P.; Saffi, F. (2019). Psicologia e práticas forenses. 3. ed. Barueri: Manole.
Spaziani, R. B. (2022). Contribuições dos estudos feministas e de gênero para a reflexão sobre a violência sexual contra crianças (pp.13-31). In: A. C. Bortolozzi, L. R. de Carvalho, L.R.; D. A. Navega, D.A. (Orgs). Educação Sexual e a prevenção contra violências. 1. ed.- Araraquara, SP : Padu Aragon, Editor. 187 p.
Spaziani, R. B.; Maia, A. C. B. (2015). Educação para a sexualidade e prevenção da violência sexual na infância: concepções de professoras. Rev. Psicopedagogia, n. 32, v. 97, p. 61-71. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000100007&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 25 de jun. de 2024.
Spaziani, R.B.; Vianna, C.P. (2020). Violência sexual contra crianças: a categoria de gênero nos estudos da educação. Educação Unisinos, v. 24, pp. 1-18. DOI: 10.4013/edu.2020.241.16. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/edu.2020.241.16. Acesso em: 26 de jun. de 2024.
Taubman, A. V. (2017). Não me toca, seu boboca! [Ilustração: Thais Linhares]. 1. ed. Belo Horizonte: Aletria. UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. (2014). Orientações técnicas de educação em sexualidade para o cenário brasileiro: tópicos e objetivos de aprendizagem. Brasília: Unesco.
Vilaça, T. (2007). Dos modelos de educação para a saúde tradicionais aos modelos de capacitação: abordagens metodológicas da educação sexual em Portugal do 7º ao 12º ano de escolaridade. Boletín das ciencias. Asociación de Ensinantes de Ciencias de Galicia, v.20, n.64, p.97-8.