Reorganização do autocomhecimento e adaptação psicológica na adolescência
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Laburpena
A reorganização do autoconhecimento tem sido considerada um dos temas mais importantes do desenvolvimento psicológico na adolescência. Considerando o autoconhecimento como teoria (ou teorias) pessoal com funções adaptativas, estas reorganizações podem ser vistas como movimentos adaptativos face às numerosas transformações primárias da adolescência. De um modo geral, dispersas na literatura, encontram-se referências a transformações físicas e a uma diversidade de novos contextos sociais com os quais o adolescente se depara e que requerem dele a construção de novas teorias, novos guiões pessoais para a sua atuação no mundo. É também referida na literatura a emergência de novas habilidades cognitivas e a possibilidade de construções cognitivas mais sofisticadas e flexíveis. Neste trabalho procede-se a uma revisão não sistemática de algumas das mais importantes transformações físicas, cognitivas e sociais da adolescência, e sua relação com mudanças no autoconhecimento. São abordados: (a) a emergência da sexualidade genital e as alterações da forma e do tamanho do corpo, e sua importância na construção de um autoconceito sexual e em alterações na imagem corporal; (b) as expetativas sociais relativamente aos adolescentes que contribuem para a criação de um sentido de identidade pessoal, bem como a circulação por um número crescente de contextos sociais favorece a construções de uma diversidade de eus relacionais (ou de eus em diferentes papeis sociais), e a influência que as redes sociais têm na construção de um “eu embrulho”; (c) a emergência de habilidades cognitivas abstratas, que possibilitam a diferenciação de múltiplos eus ou o crescimento das autodiscrepâncias (e.g., eu real – eu ideal), mas dão também lugar a conflitos no seio do self, antes de se poder alcançar um autoconhecimento mais coerente. É também sublinhada a interligação entre estas transformações (corporais, sociais e cognitivas) na construção do autoconhecimento.
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