Quando o querer não é poder: conceções sobre a identidade na criança e isomorfismo educativo (estudo exploratório)
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Abstract
As conceções sobre “quem é a criança, como se desenvolve e aprende” resultam de contributos diversos entre os quais os provenientes da psicologia, sociología e da pedagogia. Por sua vez, as teorías explícitas e a práxis sustentam-se em paradigmas da subjetividade humana que coexistem no tempo. Entende-se que a implementação de um modelo educativo não garante, por si só, o conhecimento dos fundamentos em que assenta. Torna-se essencial perceber qual o conceito de criança subjacente a essa práxis e estar capaz de avaliar para onde este nos conduz. Só assim o educador estará capaz de resolver os novos problemas que se apresentam à prática. Como defende o construcionismo social é preciso saber que todas as formas de compreensão do mundo são social e culturalmente situadas, sendo útil uma posição crítica relativamente ao que tomamos como certo (Gergen, 1995). Esta investigação tem como objetivo saber quais as estratégias usadas por dois grupos de educadores para promoverem, em contexto pré-escolar, a construção da identidade na criança e ainda conhecer como a definem. Um dos grupos não tem um modelo pedagógico específico, é por isso eclético, o outro implementa o modelo do Movimento da Escola Moderna (MEM). O estudo é de natureza qualitativa e exploratória e contou com a colaboração de dezasseis educadores. A técnica usada foi a da entrevista semi-directiva. Verificou-se que ambos os grupos definem a identidade como “entidade” escondida, numa clivagem entre o mundo pessoal e o social, facultando uma visão de abstrata e isolada da criança. Tal corresponde a um paradigma clássico da subjectividade humana designado de representacionista (Ribeiro, 2004) evidenciado na definição dada por ambos os grupos de educadores. No que concerne às estratégias educativas, os resultados são distintos nos grupos. Os primeiros educadores foram coerentes com a teorização inicial, falando numa pedagogia centrada na criança e na descoberta. Os educadores do MEM evidenciam uma perspectiva diferente, indicando estratégias de natureza dialógica e colaborativa numa atitude de isomorfismo educativo face às orientações do modelo. O estudo conclui sobre a necessidade e importância dos processos de formação dos profissionais no sentido da desconstrução crítica dos modelos pedagógicos (do ponto de vista epistemológico), a fim de se evitarem isomorfismos educativos não compreendidos nos seus fundamentos essenciais.
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