Identidade sexual e psicomotricidade relacional: uma investigação-ação com adolescentes no Brasil

Conteúdo do artigo principal

Marcelino Viana da Silva Neto
Andrea Stopiglia Guedes Braide
Zélia Ferreira Caçador Anastácio

Resumo

Num projeto de Psicomotricidade Relacional tratava-se, a princípio, da temática da violência. Os profissionais, figuras masculina e feminina, depararam-se com uma distorção no movimento específico das adolescentes: não havia espaço para o afeto e detectou-se que era em virtude dos modelos referenciais da vida, impulsionando distorções quanto à sexualidade. Encontrado um novo e interessante foco de investigação, questionou-se sobre como a intervenção Psicomotora Relacional poderia contribuir para que as adolescentes encontrassem a harmonia nesse movimento e evoluíssem nas suas respetivas identidades sexuais, encontrando o lugar de afeto junto aos adultos. A forma como a intervenção profissional dos Psicomotricistas Relacionais autoriza e reconhece o potencial da pessoa em atendimento é fundamental para fazer evoluir as bases dessa identidade. Depois de encontrada e estabelecida a comunicação não verbal no setting de trabalho, é possível ao Psicomotricista Relacional abrir o espaço para que, de maneira desculpabilizada, as adolescentes passem a brincar com a agressividade, a afetividade, a feminilidade, a sensualidade, a cumplicidade feminina, etc., alcançando o ajuste positivo no quotidiano real. Seguiu-se uma metodologia qualitativa (investigação-ação), cujo objetivo consistiu em analisar os efeitos da Psicomotricidade Relacional no ajuste positivo da identidade sexual. A amostra incluiu 10 adolescentes de 12 a 16 anos, de uma escola pública de Fortaleza, Brasil. A intervenção durou um período de 6 meses, com 1 encontro semanal de 1 hora cada. No fim do projeto constatou-se um ajuste nos movimentos das adolescentes, redescobrindo e internalizando novos modelos e referenciais a partir das vivências simbólicas da Psicomotricidade Relacional. O tema é de muita relevância para educadores, profissionais que desenvolvem trabalhos diversos, em especial, com adolescentes, profissionais da saúde e da Psicomotricidade Relacional, principalmente porque expõe a necessidade de se abrir espaços complementares seguros, para que as adolescentes possam vivenciar a afirmação da própria identidade de forma segura e saudável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Viana da Silva Neto, M., Guedes Braide, A. S., & Ferreira Caçador Anastácio, Z. (2021). Identidade sexual e psicomotricidade relacional: uma investigação-ação com adolescentes no Brasil. Revista INFAD De Psicología. International Journal of Developmental and Educational Psychology., 2(2), 217–226. https://doi.org/10.17060/ijodaep.2021.n2.v2.2228
Seção
Artículos

Referências

Bandeira, L.& Siqueira, D. A construção feminina no tempo. 2003. Disponível em: <http://www.unb.br/ih/his/gefem/labrys3/web/bras/deis1.htm>. Acesso em: 05 dez. 2005.

Batista, M. I. B. Poder e Criatividade no Desenvolvimento de Talentos e Valores Individuais. 2001. Disponível em: <http://www.ciar.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2005.

Bleichmar, E. D. O feminismo espontâneo da histeria: estudo dos transtornos narcisistas da feminilidade. Tradução de Francisco Vidal. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1988.

Bueno, S. Minidicionário da Língua Portuguesa. Ed. rev. e atual. São Paulo: FTD, 2000.

Carvalho, C. de. Para compreender Sausurre: fundamentos e visão crítica. 7ª ed. rev. e ampl. com exercícios e um estudo sobre as escolas estruturalistas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

Lapierre, A. O Adulto diante da criança de 0 a 3 anos. Curitiba: Editora UFPR, 2002.

Lapierre, A. & Aucouturier, B. A Simbologia do Movimento: Psicomotricidade e Educação. 3ª ed. Curitiba, PR: Filosofart Editora, 2004.

________. Fantasmas Corporais e Prática Psicomotora. São Paulo: Editora Manole ltda, 1984.

Lapierre, A. Da Psicomotricidade Relacional à Análise Corporal da Relação. Curitiba: Editora UFPR, 2002.

O’Conner, T. (2002). Annotation: The “effects” of parenting reconsidered: findings, challenges and applications. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 43, 555-572

Polansczy, G. O custo da pandemia sobre a saúde mental de crianças e adolescentes. Jornal da USP. São Paulo, 11 de maio de 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/?p=321462.

Penna, L. Corpo sofrido e mal-amado: as experiências da mulher com o próprio corpo. São Paulo: Summus, 1989.

Shonkoff, J. & Phillips, D. Committee on Integrating the Science of Early Childhood Development, eds. Washington, DC: National Academy Press; 2000. From neurons to neighborhoods: The science of early childhood development. (Disponível em: https://www.nap.edu/catalog/9824/from-neurons-to-neighborhoods-the-science-of-early-childhood-development )

Turato, E.R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Petrópolis RJ.: Editora Vozes, 2003.

Vieira, J. L., Batista, M. I. B. & Lapierre, A. Psicomotricidade Relacional: a teoria de uma prática. Curitiba, PR: Filosofart, 2005.

Vieira, J. L. Entrevista concedida a Marcelino Viana da Silva Neto. Fortaleza, 19 dez. 2005